Historia 2

Dois anos depois, consegui a permissão dos meus pais para me juntar aos outros garotos do bairro, que formava um grupo de aproximadamente trinta meninos para brincar o carnaval de rua. No bairro existiam outros grupos de palhaços que também se uniam ao nosso e assim as ruas do bairro de Peixinhos transformava-se num mar colorido e barulhento que contagiava todos os moradores, e também servia de fonte inspirativa para as novas gerações, assim despertando o desejo de um dia ser um “Palhaço”.
A partir daí, o nosso grupo foi crescendo e se firmando, mesmo aqueles meninos que não podiam adquirir uma fantasia nova por conta do seu custo pessoas de má índole usavam as fantasias como forma de se esconder e cometerem delitos.
Quando meu primo João Paulo completou seis anos de idade, começou a se fantasiar de palhaço e nós íamos com nossos pais brincar o carnaval nas ruas de Olinda e do Recife, principalmente na Avenida Guararapes onde já começávamos viver a experiência de tirar fotos com turistas e foliões que passavam nos blocos carnavalescos da cidade. Divertíamos-nos muito e repetimos nos próximos anos. Aos meus dezessete anos e aos quatorze do meu primo, João Paulo, convidamos amigos para ressurgir os antigos grupos que tinham se dissolvidos com o tempo e por causa da violência. Criávamos nossas próprias fantasias, escolhíamos as cores e criávamos os adereços.
Todos os anos procuravam inovar as fantasias, apesar de poucos recursos, sempre achávamos uma forma de diferenciar o nosso grupo dos demais. Nessa época com a parceria do meu primo João Paulo, tivemos a idéia de incrementar nossas fantasias, ornamentando-as com capas contendo informações. A primeira capa foi composta pelo símbolo do yin yang, que significa o bem e o mal, na verdade foi um reflexo da violência que vivíamos no momento. As fantasias ornamentadas com as capas do yin yang caíram no gosto popular, foi o maior sucesso e todos os garotos do bairro queriam compor o nosso grupo e ter um “palhaço com capa”. Posteriormente, foram surgindo outras idéias, como a troca da máscara de tela pelo cabeçote, dando mais beleza as fantasia.
            Temos a certeza que um “palhaço de Peixinhos” ele é eterno nos corações das pessoas que todos os anos vivem a expectativa de ver sua rua repleta de cores e de sorrisos.
            Com isso, também podemos mostrar que o nosso bairro não é só violência. O bairro de Peixinhos transpira cultura, possui pessoas simples que trabalha dignamente, de pessoas corretas, muitas vezes com pouca escolaridade, mas de uma valorização cultural inigualável. E é dessa comunidade que nasceu a Troça Carnavalesca Palhaços de Peixinhos.
            Com o surgimento da Troça almejamos alcançar nosso maior objetivo que é manter viva a tradição prestigiada desde criança e passá-la para as novas gerações. E ao chegar o carnaval poder mais uma vez recitar:
Ó quantos risos, ó quanta alegria, mais de mil palhaços no salão.